Pesquisadores da Universidade do Chile fizeram hoje um alerta à comunidade científica internacional sobre o perigo de a utilização de um composto químico na clonagem de animais e de embriões humanos gerar mutações.
A pesquisadora chilena Ruby Valdivia e o professor japonês Motoe Kato descobriram uma mutação de forma acidental, enquanto faziam clonagens de bactérias nos laboratórios universitários do Centro de Avaliação de Riscos de Genotoxicidade.
Para desenvolver sua experiência, empregaram um composto químico de uso freqüente nas clonagens, o 6-DNAP (6 dimetil aminopurina), cuja função é ativar o óvulo para levar à reprodução da célula, cujo DNA (código genético) será idêntico ao da célula de origem.
Ao observar o resultado de seu trabalho, ambos pesquisadores detectaram um sinal estranho que chamou sua atenção, segundo explicaram em entrevista coletiva.
Com o propósito de esclarecer suas dúvidas, repetiram a experiência com cinco tipos de bactérias. Uma delas apresentou mutação, criando uma nova bactéria com características diferentes da que a originou.
"Estamos fazendo um alerta sobre o perigo que este composto químico representa se o usarmos em seres humanos, porque causa mutações genéticas", advertiu a professora Valdivia. "Devido a este resultado, pode-se concluir que existe uma alta probabilidade de mutações durante o processo de clonagem usando este composto", afirmou.
O 6-DMAP é aplicado pelos cientistas em clonagens de mamíferos (porcos, gatos, ovelhas e vacas) no laboratório do doutor Woo Suk Hwang, na Coréia do Sul, segundo o relatório da Universidade do Chile.
Nesse mesmo laboratório, os cientistas coreanos conseguiram clonar embriões humanos, com o uso do 6-DMAP, segundo um artigo publicado pela revista Science em fevereiro.
"Os tecidos derivados destes clones podem apresentar mutações, como alterações de tipo celular", disse a pesquisadora.
Depois de repetir seu experimento em Santiago, o laboratório chileno enviou amostras ao Centro de Bioensaios de Tóquio, que chegou às mesmas conclusões sobre as mutações genéticas causadas pelo composto químico.
Os resultados finais da pesquisa, cujos autores recomendam proibir o uso do 6-DMAP nas futuras clonagens de embriões humanos com fins terapêuticos, foram publicados no dia 12 de maio na revista científica Mutation Research.
"Isto nos obriga a pesquisar mais e tirarmos o pé do acelerador na questão da clonagem, tomando consciência do composto químico que estamos usando", afirmou Valdivia.
Se alguma equipe científica já conseguiu clonar seres humanos usando este composto, "é possível" que tenha levado ao nascimento de meninos e meninas com má-formação facial e outras características mutantes, advertiu a pesquisadora.
19 de maio de 2004
fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI311164-EI297,00.html
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